segunda-feira, 17 de abril de 2017

Lava Jato chega ao Piauí

O Diário do Povo teve acesso ao depoimento do executivo da Odebrecht Ambiental, Alexandre Barradas, diante de procuradores Federais no Rio Grande do Sul.  Barradas revelou que foi repassado ao prefeito de Teresina, Firmino Filho, por meio de um primo dele em Recife, identificado como Alberto, R$ 250 mil em caixa dois. Alexandre Barradas. Os dois, Firmino e Barradas teriam se encontrado durante um almoço no aeroporto de Brasília em 2012, quando Firmino teria pedido ajuda para sua campanha naquele ano. Segundo Barradas, o pagamento foi feito em Recife a um primo de Firmino a pedido do prefeito.
Foto/Reprodução 
Segundo a delação do executivo,  a negociação para o repasse do dinheiro foi feita no dia 23 de agosto. A Odebrecht queria,  em contrapartida que o prefeito fosse um alidado na concessão dos serviços de água e esgoto da capital para a empresa. “Nós sabíamos que estávamos tratando com um candidato a prefeito e não Governo. Já tínhamos feito uma avaliação para ver as coisas e sabíamos das necessidades de Teresina. Falamos sobre saneamento, mas a empresa Agespisa é ligada ao Governo. Ele teria dificuldades para fazer qualquer tipo de ação. Ele não era o dono da empresa, que é estadual. Mas poderia bater, gritar e tentar  mudar a situação, porque em Teresina saneamento é caótico”, comentou o delator.

Alexandre Barradas revelou que Firmino já tinha recebido doações da Odebrecht através do diretório nacional do PSDB. “Ele não era estranho à empresa. Ele estava no núcleo. E tinha recebido doações através do PSDB Nacional”. O delator continuou dizendo que a Odebrecht Ambiental já tinha analisado a situação de Teresina e constatado que as tarifas eram boas e dava para trabalhar. Apesar de ter uma situação muito ruim, tinha uma tarifa razoável e fizemos uma estimativa de investimentos de R$ 1,7 bilhão. A nossa equipe fez essa estimativa”, adiantou.

Na conversa, de acordo com Barradas, Firmino pediu ajuda, apesar de já ter recebido via PSDB. “Ele indicou um primo-irmão de Recife que me contataria. Não foi falado o valor, mas ficou claro que ele queria um aporte financeiro para a campanha dele. Naquele momento, ele não tinha muito a oferecer. Mas ele tentou tomar para o município o abastecimento de água e esgoto. Lá em muitos bairros não tem água e o esgoto é muito ruim”, relatou o ex-executivo da Odebrecht em depoimento no dia 15 de dezembro, no Rio Grande do Sul.

De acordo com o inquérito 6768, com a delação de Alexandre Barradas, o pagamento foi feito em Recife. Ele pessoalmente teve o contato com Alberto, primo de Firmino. 

Para Barradas, candidato pedir ajuda é normal em campanha eleitoral

O executivo Alexandre Barradas destacou que o papel dele era tocar um programa de ação que prospectava no mundo politico para atender ou fazer aliados para ganhar mercado. No caso de Firmino Filho, ele disse que era para ter um prefeito que se quisesse poderia ser governador e abriria caminho para negócios da empresa.

“É normal candidato pedir ajuda para campanha. Vamos checar e depois se conversa. Firmino disse que estava lutando, que tinha chances, e que se eu pudesse ver como ajudar. A empresa já tinha ajudado. Tinha aportes financeiros de forma oficial. E a empresa nem trabalha lá. Ele foi ajudado pelo PSDB Nacional”, enfatizou o ex-executivo.

Ele disse que a empesa repassou os R$ 250 mil para deixar a porta aberta para o futuro, para depois buscar algum tipo de ação em beneficio. “Sabíamos que no momento ele não tinha condições de fazer nada. Mas fizemos a campanha via Recife. Estive com ele depois da eleição em Brasilia. Jantamos no Soho e batemos um papo. Queríamos saber o que poderia ser feito, Essa reunião foi em 2013, com ele já eleito”, comentou Alexandre Barradas.

O delator disse que Firmino era uma pessoa cordata e tentou viabilizar um negócio, criando a Agência Reguladora para pressionar e fazer ações. A Prefeitura chegou a multar a Agespisa várias vezes. Mas a ação não foi para frente, informou.

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